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14/06/11

RUÍDO: PRESENÇA, INTERFERÊNCIA E CONSEQUÊNCIA.


Carla Thereza dos Santos Hadad[1]
Darlhianne da Silva Luz[2]
Érica da Cruz Favacho[3]
Jefferson de Souza Souza[4]
Odilson Sousa Serra[5]


Resumo
Este trabalho se propõe a analisar e descrever o processo da comunicação, explanando detalhadamente seus elementos, ou seja, emissor, receptor, código, canal, mensagem, e referente. Explicando o conceito e a relevância destes durante o processo. Todavia, o trabalho relata como a presença desses elementos não torna, obrigatoriamente, o processo eficiente, ou seja, com feedback[6]. Partindo deste pressuposto, o foco deste artigo é o ruído, suas causas, suas consequências e os métodos de evitá-lo, já que, é necessário estudar o que provoca as falhas no processo da comunicação e como podemos impedir esses problemas. Ao longo desse trabalho faremos elucidações e exemplificações sobre os diversos motivos que levam ao ruído, assim como, dissertaremos sobre prejuízos causados por este. Finalizaremos com propostas para diminuir ou evitar a ocorrência do ruído durante o processo de comunicação.

Palavras-chave: Teoria da Comunicação. Mensagem. Ruído.


Abstract
This paper aims to analyze and describe the communication process, explaining in detail its entirety, ie sender, receiver, code, channel, message, and referent. Explaining the concept and relevance of the process. However, the paper reports the presence of these elements does not, necessarily, the process efficient, ie, with feedback. Under this assumption, the focus of this article is the noise, its causes, consequences and methods to avoid it, since it is necessary to study what causes the failures in the communication process and how we can prevent these problems. Throughout this work we will make clarifications and examples on the various reasons leading to noise, as well as elaborate on the damage caused by this.

Key words: Communication Theory. Message. Noise.


INTRODUÇÃO

A informação é a redução da incerteza sobre determinado assunto, sendo assim, quanto mais possibilidades de resultados, maior será a carga de informação contida na mensagem. A informação está ligada à ideia de novidade, improbabilidade, algo que não acontece normalmente em nosso dia-a-dia, ocorrendo através de um processo de comunicação onde exista emissor, código, canal e receptor.
O processo de comunicação ideal é o que ocorre feedback, resposta a mensagem recebida, porém ele só é estabelecido se a mensagem chegar ao receptor sem ruído, ou seja, sem elementos que a prejudique, sem a presença de algo que não faça parte da mensagem. No entanto, o ruído pode ser mais ou menos frequente na mensagem, sua presença vai depender do tipo de canal, pois alguns possuem mais vulnerabilidade do que outros. O entendimento errado da mensagem pode trazer efeito contrário ao desejado pelo emissor.
A redundância é um dos recursos que minimiza a presença de ruídos, bem como, ter domínio sobre o código no qual se estabelece a mensagem, já que este código foi criado para facilitar a comunicação entre o emissor e o receptor, servindo, portanto, de fator para a ausência de ruído. O código pode ser linguístico, gestual, ou através de qualquer outro meio em que o emissor e o receptor utilizem para emitir a mensagem, no entanto, ambos devem ter o conhecimento prévio do código para assim terem total compreensão da mensagem.
Nestas palavras desejamos propor uma breve recapitulação dos elementos envolvidos num processo de comunicação. A priori, ao diagnosticá-los e distingui-los partimos para o objetivo deste artigo que é detectar as possíveis interferências durante a comunicação e que danos o processo comunicativo pode sofrer por estas. Num segundo momento, este artigo deter-se-á em detectar as circunstâncias em que a mensagem sofre interferência de meios externos ao processo e que prejuízos isso pode-lhe causar.

1.    Elementos da comunicação

A necessidade de comunicar-se perdura na origem do homem visto a tentativa de fazer-se entender e transmitir seu pensamento. Este fazer-se compreender é identificado através da emissão de uma mensagem entre interlocutores, possibilitando desta forma o desenvolvimento de processo comunicativo entre os indivíduos.
            Neste sentido, portanto, distingue-se um dos elementos presentes num ato comunicativo, a mensagem. Esta pode ser transmitida de diversos modos, tais como: por palavras, gestos, desenhos, etc. Em cada situação um elemento pode ser ressaltado dado à pluralidade das competências comunicativas dos interlocutores.
            Para Santos (2010, p.10) os estudos de comunicação podem privilegiar o emissor, a mensagem, o código utilizado, o meio que difunde a comunicação, o receptor ou o efeito desse processo. Desta forma, quando um emissor transmite uma mensagem a um receptor utilizando-se de um meio (ou canal) podemos afirmar que se estabeleceu um processo de comunicação. Assim os elementos presentes neste processo (emissor, receptor, mensagem, canal, o contexto e o ruído) sofrem direta influência da intencionalidade e da receptividade da mensagem. Os elementos linguísticos, paralinguísticos, extralinguísticos e cinésicos são fatores influentes para o êxito do processo comunicativo.
            Um diagnóstico preliminar pode ser previsto quanto às interferências ou ruídos num processo comunicativo. De certo é que no emissor ou ainda no receptor existem algumas circunstâncias capazes de aumentar ou prejudicar a comunicação. O emissor necessita utilizar capacidades codificadoras que lhe permitam, por exemplo, dispor as palavras de forma a expressar com evidencia as ideias, empregado as regras gramaticais corretamente, pronunciando as palavras com clareza, bem como, conseguindo utilizar os vários canais à sua disposição.
            Podemos assim resumir a atuação e desempenho dos elementos da comunicação:
1.    Emissor: Aquele que emite uma mensagem a um destinatário. Para isso, utiliza-se de um código e canal.
2.    Receptor: a quem se destina a mensagem. Pode ser uma pessoa, um grupo ou mesmo um animal, como um cão, por exemplo.
3.    Código: a maneira pela qual a mensagem se organiza. O código é formado por um conjunto de sinais, organizados de acordo com determinadas regras, em que cada um dos elementos tem significado em relação com os demais. Pode ser a língua, oral ou escrita, gestos, código Morse, sons, etc. O código deve ser de conhecimento de ambos os envolvidos: emissor e destinatário. 
4.    Canal de comunicação: meio físico ou virtual, que assegura a circulação da mensagem, por exemplo, ondas sonoras, no caso da voz. O canal deve garantir o contato entre emissor e receptor.
5.    Mensagem: é o objeto da comunicação, é constituída pelo conteúdo das informações transmitidas.
6.    Referente: o contexto, a situação a qual a mensagem se refere. O contexto pode se constituir na situação, nas circunstâncias de espaço e tempo em que se encontra o destinador da mensagem. Pode também dizer respeito aos aspectos do mundo textual da mensagem.
Vejamos a seguir qual a relação destes elementos e de modo especial à presença do ruído, sua influencia e danos na comunicação. Este se trata de qualquer coisa que venha a interromper ou perturbar o processo de comunicação.

2.    O ruído

O processo de comunicação está suscetível a falhas, que vão desde as mais banais até as que comprometem por completo a assimilação da mensagem. Segundo Pignatari (1976, p.18), “[...] Tôdas as fontes de erros são agrupadas sob a mesma denominação de ruído ou distúrbio. [...]”, sendo assim, toda e qualquer obstrução que deturpe a informação durante sua emissão é denominada de ruído.
O ruído não se limita a barulhos que dificultam a audição das mensagens transmitidas oralmente, pelo contrário, ele também está presente nas mensagens emitidas por outros canais. Claude Shannon, autor da Teoria da Informação, afirmava que o ruído estava presente em todos os canais, podendo afetar totalmente a mensagem depois que a capacidade de transmissão de informações do canal fosse ultrapassada.
O ruído pode ser causado pelo emissor, canal e receptor. No primeiro caso, o emissor poder ser gago, ter a língua presa, ou qualquer outro impedimento que lhe impeça de emitir corretamente a mensagem. No segundo caso, o canal pode está com algum defeito, ou seja, telefone com chiado ou linha cruzada, folha impressa que foi borrada por água, entre outros casos. No terceiro caso, o ruído pode ser gerado quando o receptor tiver alguma limitação no recebimento da mensagem, como a surdez total ou parcial.
Nem sempre o ruído é provocado pelos elementos do processo de comunicação, também pode ser oriundo do ambiente onde se estabelece este processo.  Podemos citar como exemplo a interrupção que sofremos por alguém durante a leitura de um texto ou a dificuldade encontrada de conversar com um colega durante um show de música.
De acordo com Oliveira (2010, p. 31), o ruído pode ser classificado em dois grandes grupos, os que podem “[...] provocar uma perda total da mensagem. É o caso de um jornal que saia da gráfica totalmente empastelado. [...]” e os que levam a uma compreensão errada da informação, como por exemplo, falar “ele abriu o cocô” no lugar de “ele abriu o coco”.  O segundo tipo de ruído é o que ocorre com mais frequência, assim como defende Pignatari (1976, p.19), “[...] Os chamados erros de imprensa, as letras ou palavras mal grafadas, os lapsos de pronuncia são formas comuns de ruído. [...]”.
O ruído é prejudicial para a mensagem, no entanto, pode servir de parâmetro para evolução ou aprimoramento de vários sistemas, sendo assim, muito importante para a reorganização de algumas estruturas.

3.    Ruído consequência e exemplos

            No mundo atual, mesmo com o avanço da tecnologia nos meios de comunicação como internet, telefonia celular, TV, rádio, jornal, revista, entre outros, ainda assim acontecem perturbações que interferem na perfeita transmissão de informações.
            Essas dificuldades na comunicação, mais especificamente o ruído, geralmente são vistos como vilões nos processos de comunicação, mas Epstein (apud OLIVEIRA, 2010, p. 32) lembra, no entanto, que “o ruído pode se tornar um importante fator de reorganização do sistema”.
            Muitas vezes a criação de coisas novas surge de um processo de ruído. O champanhe, por exemplo, foi um vinho que fermentou [...] o movimento hippie, quando surgiu, era um ruído para a sociedade da época, no entanto, não fosse o movimento hippie, talvez hoje não estivéssemos tão preocupados com questões essenciais para a sociedade atual, como a ecologia. (OLIVEIRA, 2010, p.32)
            Como vimos o ruído acaba tendo seus pontos positivos, contribuindo em diversos seguimentos, mas não podíamos deixar de mencionar o ruído como algo a ser evitado, mais especificamente para se ter eficiência na comunicação. Uma das consequências causadas pelos ruídos são as falhas e até mesmo excessos de informações indesejáveis que comprometem a eficácia nos processos de comunicação, provocando distorções no curso da mensagem.
            O exemplo abaixo de (GOIS, 2011) mostra como o ruído pode aparecer em diversas situações em nosso dia a dia:

Vou me sentar ao lado da galinha, - disse um profissional que chegou tarde para um jantar com clientes e viu um único lugar vazio à mesa. (era ao lado de uma senhora, tendo à frente de sua cadeira vaga uma galinha que seria servida para o jantar). Notando a garfe que cometeu, o profissional tentou corrigir dizendo: - Ora, eu estou me referindo a esta aqui (e apontou para a galinha que estava sendo servida à mesa). Desnecessário dizer que a emenda ficou pior que o soneto. (GOIS, 2011)
           
Como menciona Carvalho, (1995, p. 82), “o ruído é identificado na comunicação humana como o conjunto de barreiras, obstáculos, acréscimos, erros e distorções que prejudicam a compreensão da mensagem em seu fluxo: emissor x receptor e vice-versa”. 
Percebe-se com isso que por mais que existam esforços para transmitir uma mensagem de maneira incessante e com boa qualidade, nem sempre ela vai chegar de maneira íntegra ao receptor.

4.    Modos de evitar o ruído na comunicação

O processo de comunicação é constituído por elementos necessários e importantes, que possibilitam a interação dos sujeitos envolvidos no processo. Para que uma comunicação aconteça plenamente entre estes sujeitos, ela deve ser feita a partir da plena observação de cada um destes elementos. Caso contrário, sabe-se que acontecerá uma comunicação com interferências indesejáveis e problemas, que afetarão o processo, ou seja, que darão espaço para a ocorrência de ruído.
Para evitar o ruído na comunicação deve-se proceder de maneira a valorizar o papel e importância do receptor. Ele tem interesses no processo e, por isso, é preciso levá-lo em consideração para que o processo seja eficiente. O receptor necessita decifrar e compreender o que o emissor deseja informar, para assim, proporcionar o feedback.
A redundância também pode ser uma forma de evitar o ruído, pois ela pode garantir que a mensagem enviada pelo emissor chegue até o receptor. Por isso, primeiro precisa-se entender o que é redundância para assim, observar seu uso como recurso que evita o ruído. Para Coelho Netto (2001, p. 135), “Redundância é o que é ‘dito’ (verbal ou graficamente, ou por outro meio qualquer) em demasia com a finalidade de facilitar a percepção e compreensão da mensagem. [...].”
Neste sentido Oliveira (2010) ressalta que é a redundância que garante a integridade da mensagem frente aos possíveis ruídos a que o canal está vulnerável. Isto se torna necessário, porque quanto mais importante a mensagem enviada, mais necessário se faz o uso da redundância para garantir o recebimento e entendimento de uma mensagem.

A redundância tem também um papel importantíssimo no processo de comunicação. Ela é usada para combater ruídos que possam obstruir o canal. Essa é a razão pela qual, por exemplo, nós batemos várias vezes na porta de uma casa quando queremos ser atendidos pelos moradores. Bater uma única vez já transmitiria a mensagem, mas nós a reforçamos a fim de garantir que o receptor irá recebê-la. (OLIVEIRA, 2010, p. 28).

 É por isso que se deve levar em consideração todos os elementos do processo de comunicação, pois eles se influenciam reciprocamente, e tal dependência é fundamental no momento das decisões e atitudes que seguem as relações de comunicação.
Portanto, a comunicação de uma forma geral deve buscar a superação dos ruídos que surgem entre quem está se comunicando, por mais que seja difícil, visto que, como já foi dito, é algo que acontece de maneira inesperada e indesejável. Os meios que trabalham com a comunicação estão, portanto, inseridos neste contexto, cabendo a eles, também, buscar a fidelidade daquilo que é repassado e o que é recebido. É um compromisso com a mensagem transmitida que não pode chegar ao receptor de forma distorcida, senão, não cumprirá seu objetivo primeiro, que é comunicar.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O emissor é o primeiro elemento do processo comunicativo, parte dele dar origem à informação contida na mensagem, e para que ela chegue ao seu destino, ele utiliza um código e um canal para formalizar esse processo. O receptor é o agente que receberá essa comunicação e o entendimento da mensagem adquirido nesta ação poderá originar um feedback, que é a resposta ao estimulo.
O ruído é composto por todo e qualquer elemento que interfira nesse processo de comunicação. Sua presença pode gerar tanto leves distorções até a ausência total da compreensão da mensagem.
Poderíamos comparar o prejuízo causado pelo ruído, como os problemas advindos da chuva numa escultura de areia. Se for apenas um chuvisco leve, os pingos farão pequenos borrões na obra, mas ainda conseguiremos enxergar toda a sua estrutura. Todavia, se for uma tempestade a escultura perderá sua forma e não deixará vestígio que possa levar a sua compreensão.
O ruído pode ser causado por falhas do emissor, receptor, canal e código, porém também pode ser causado por fatores externos ao processo de comunicação, como o ambiente. Uma maneira eficiente de driblar o ruído é ser redundante, pois quanto mais vezes repetimos a mensagem, menores são as chances de haver falhas na compreensão do conteúdo repassado.
Repassar continuamente o conteúdo da mensagem pode parecer monótono, mas para o processo da comunicação isso é primordial, porque manter uma comunicação sem redundância limita a possibilidade do receptor recorrer a informação para uma fixação do conteúdo que está recebendo.  Um exemplo clássico disto é a brincadeira infantil do “telefone sem fio”, onde as crianças sentadas em circulo tecem um pequeno recado para o colega ao lado, que terá a missão de repassar ao próximo e assim sucessivamente. Como a brincadeira proíbe a repetição da mensagem, geralmente ela chega distorcida e incoerente.
Já no rádio, como os profissionais da área possuem uma compreensão da necessidade da redundância, constantemente há uma repetição da mensagem, para que o receptor a assimile com mais facilidade. É importante ressaltar que o ruído é prejudicial para a mensagem, no entanto, é muito útil para a renovação de alguns sistemas, pois serve como recurso para a criação de novos padrões.

REFERÊNCIAS

CARVALHO, A. V.; SERAFIM, O.C. G. Administracção de recursos humanos. 2ª ed. São Paulo: Pioneira, 1995.
COELHO NETTO, J. Teixeira. Semiótica, informação e comunicação. 5ª ed. São Paulo: Editora Perspectiva, 2001.

GÓIS, Maurício. Comunicação: Os 21 ruídos da comunicação verbal. Disponível em: . Acesso em 26 mai. 2011.

OLIVEIRA, Ivan Carlo Andrade de. Introdução à cibernética. 1ª ed. Pará de Minas: Editora VirtualBooks, 2010.
PIGNATARI, Décio. Informação, Linguagem, Comunicação. 7ª ed. São Paulo: Editora Perspectiva, 1976.
SANTOS, Roberto Elísio dos. As teorias da comunicação: da fala à internet. 3ª ed. São Paulo: Paulinas, 2010.


[1] Licenciada em Letras pela Universidade Federal do Amapá – UNIFAP. Acadêmica do Curso de Jornalismo (UNIFAP). E-mail: kirei.hana.hadadcarla@gmail.com
[2] Acadêmica do Curso de Jornalismo da Universidade Federal do Amapá – UNIFAP. E-mail: darlihanneluz@hotmail.com
[3] Bacharel em Letras – Tradutor pelo Instituto de Ensino Superior do Amapá – IESAP. Acadêmica do Curso de Jornalismo da Universidade Federal do Amapá - UNIFAP. E-mail: erica_favacho@yahoo.com.br
[4] Licenciado em Letras pela Universidade Federal do Amapá – UNIFAP. Acadêmico do Curso de Jornalismo. (UNIFAP). E-mail: jeffsouzamj@gmail.com
[5] Acadêmico do Curso de Jornalismo da Universidade Federal do Amapá – UNIFAP. E-mail: odsserra@yahoo.com.br
[6] Reação a comunicação, estímulo, transmissão.

Como é possível perceber, esse texto foi uma criação em conjunto!